

Estamos no Mês da Conscientização sobre a doença de Parkinson, e 11 de abril foi estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “O Dia Mundial do Parkinson”. Esta data marca o nascimento de James Parkinson, médico inglês, nascido em 11 de abril de 1755, que descreveu em 1817, a paralisia agitante (“Essay on the Shaking Palsy”), uma condição que mais tarde seria rebatizada como doença de Parkinson pelo neurologista francês Jean-Martin Charcot. Este dia tem como objetivo aumentar a conscientização da população sobre a doença, disseminar conhecimento e integralizar o cuidado, envolvendo profissionais de saúde, pacientes, familiares e cuidadores.
Segundo estimativa do Ministério da Saúde, hoje no Brasil, são cerca de 200 mil portadores de Parkinson. Dados da OMS revelam que cerca de 1% da população mundial acima de 65 anos é acometida por esta enfermidade, sendo considerada a segunda doença neurodegenerativa progressiva mais frequente no mundo.
A doença de Parkinson é uma desordem neurológica degenerativa, lentamente progressiva, que acomete na maioria das vezes pessoas com mais de 65 anos. Passados mais de 200 anos de sua primeira descrição, a causa ainda não é totalmente compreendida, mas sabe-se que envolve uma interação entre fatores genéticos e ambientais que convergem para degeneração neuronal, levando à redução da dopamina, um neurotransmissor relacionado com a modulação e controle do movimento.
Por muitos anos, a doença de Parkinson foi clinicamente definida como um distúrbio eminentemente motor, se manifestando com lentidão e redução da amplitude dos movimentos, tremor de repouso e rigidez muscular. Ao longo do tempo, esse tradicional conceito teve alterações significativas, e hoje, a doença é amplamente reconhecida como um distúrbio complexo com diversas características clínicas, como redução do olfato, alterações do humor e do sono, disfunção urinária e intestinal, comprometimento cognitivo, dentre outros.
O diagnóstico é estabelecido com base na história clínica e no exame neurológico. Exames de imagem cerebral são realizados em casos selecionados, para exclusão de outras causas de parkinsonismo. Hoje existem critérios bem estabelecidos, que auxiliam o médico no diagnóstico correto.
Existem vários medicamentos disponíveis para melhora dos sintomas e da capacidade funcional. Para pacientes selecionados, procedimentos cirúrgicos, principalmente a estimulação cerebral profunda (“DBS” ou “deep brain stimulation”), revolucionaram o tratamento. O acompanhamento multidisciplinar, com fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia é de fundamental importância. Apesar de não existir cura, hoje, podemos comemorar os grandes avanços da ciência, que possibilitaram melhor compreensão da doença, permitindo sobretudo maior independência, produtividade e qualidade de vida ao paciente.
Por Dr. Filipe Milagres, Neurologista, Especialista em Distúrbios do Movimento pela USP-RP, Mestrando em Neurociências pela USP e Membro Titular da Academia Brasileira de Neurologia
CRMMG 57153 / RQE 42850