Em torno de 6,3 milhões de pessoas no mundo apresentam a doença de Parkinson. A falta de conhecimento é um dos principais fatores para dúvidas, preconceitos e rumores. Por isso temos uma pergunta para você leitor: você sabe identificar e explicar o que é mito ou verdade?

Convidamos três Neurologistas especializados em Distúrbios de Movimento para esclarecer as principais afirmações relacionadas com o Parkinson. Confira abaixo!

A doença de Parkinson é diagnóstico de sala de espera.
Mito. “A doença de Parkinson é um diagnóstico feito com o tempo, evolução do paciente e resposta à medicação padrão-ouro (levodopa), pois muitas doenças podem parecer com o Parkinson nos primeiros meses ou anos. Na verdade, podemos falar de parkinsonismo (a síndrome de lentidão, rigidez e tremor de repouso) quando vemos um paciente na sala da espera, mas não de doença de Parkinson”, explica Dr. Flávio Sallem.

Não há cura para doença de Parkinson.
Verdade. “Infelizmente ainda não há cura, entretanto, há várias opções de tratamento que aliviam os sintomas e permitem uma melhor qualidade de vida. Além disso, quando o paciente não responde bem ao tratamento medicamentoso e evolui com flutuações motoras há possibilidade do tratamento cirúrgico com eletrodo de estimulação profunda”, esclarece Dra. Lorena Broseghini.

A doença de Parkinson aumenta a chance de quedas precoces.
Mito. “A doença de Parkinson pode levar a quedas após mais de 5 a 7 anos de doença. Quedas precoces associadas a uma síndrome parkinsoniana de início recente devem chamar a atenção a outras doenças, principalmente os parkinsonismos atípicos, como a Paralisia Supranuclear Progressiva”, ensina Dr. Flávio Sallem.

Quanto mais cedo se inicia o tratamento melhor.
Verdade. “O tratamento precoce minimiza os impactos dos sintomas e pode funcionar como fator neuroprotetor na evolução da doença”, explica Dra. Lorena Broseghini.

A doença de Parkinson é doença de pessoas idosas.
Mito. “Há muitos pacientes que apresentam os sintomas da doença antes dos 50 anos, ou mesmo antes dos 30 anos, e esse número, talvez pela melhora do diagnóstico, esteja aumentando”, esclarece Dr. Flávio Sallem. “A maioria das pessoas é diagnosticada por volta de 60 anos, mas existem as formas precoces com início antes dos 40 anos de idade”, esclarece Dra. Lorena Broseghini.

A doença é degenerativa.
Verdade. “Sim, com o passar do tempo a doença progride afetando as funções motoras e não-motoras do paciente. Porém, cada forma da doença tem uma evolução, não sendo possível determinar com antecedência como a doença vai avançar”, afirma Dra. Lorena Broseghini.

Se meu pai ou minha mãe tem a doença de Parkinson, eu também terei.
Mito. “Não é bem assim. Há múltiplas causas para a doença e mais recentemente estamos conhecendo melhor as causas genéticas. Geralmente ocorrem em pacientes mais jovens e, mesmo nesses casos, não são todos de transmissão direta (dominante). Portanto, na maior parte dos casos, o risco do filho de um doente de Parkinson na sua forma típica é praticamente igual ao da população normal”, explica Dr. Felipe Saba.

A doença não afeta apenas o sistema motor.
Verdade. “Sim, a doença de Parkinson apresenta sintomas não-motores, como alterações do comportamento, cognição, autonomia, sono e olfato”, diz Dra. Lorena Broseghini.

Há medicações que conseguem impedir ou retardar a evolução da doença de Parkinson.
Mito. “Infelizmente não há medicações que consigam retardar ou impedir a evolução da doença”, diz Dr. Flávio Sallem.

A doença de Parkinson sempre responde à levodopa.
Verdade. “A doença de Parkinson é a única doença que se manifesta com lentidão, rigidez, tremor de repouso e/ou quedas por instabilidade postural, e responde sempre à levodopa, apesar da resposta poder ficar menos dramática com o avançar da doença”, explica Dr. Flávio Sallem.

Tremor é igual a Parkinson
Mito. “A maioria dos pacientes com tremor evidente não é portador de Parkinson. Temos outros achados para dar esse diagnóstico. E quando associado ao tremor típico, é doença geralmente com boa resposta ao tratamento”, esclarece Dr. Felipe Saba.

Quem tem doença de Parkinson tem mais chance de ter demência.
Verdade. “Não é esperado nas fases iniciais. Pode haver um comprometimento da memória em fases mais tardias”, explica Dr. Felipe Saba. “Prejuízo da cognição ou demência franca, definida como a perda ou alteração cognitiva persistente e progressiva que interfere na qualidade de vida do paciente, é mais frequente em pacientes com doença de Parkinson do que na população geral, e ocorre em cerca de 40% dos portadores da condição a partir dos 10 anos de doença”, complementa Dr. Flávio Sallem.

O tratamento cirúrgico é indicado para as fases tardias da doença de Parkinson.
Mito. “Não, o tratamento cirúrgico, quando bem indicado pelo neurologista especialista em distúrbios do movimento, pode trazer benefícios na melhora dos sintomas parkinsonianos a partir de 5 anos do início da doença”, explica Dra. Lorena Broseghini.

A fisioterapia é essencial para o tratamento da doença de Parkinson.
Verdade. “A fisioterapia, especialmente destinada ao equilíbrio e marcha, é essencial para a manutenção da qualidade de vida e diminuição das quedas em pacientes com doença de Parkinson, e deve ser iniciada o quanto antes”, diz Dr. Flávio Sallem.

O paciente não pode praticar atividade física.
Mito. “Exercícios físicos são recomendados para o tratamento da doença de Parkinson. O neurologista é a pessoa indicada para avaliar cada quadro clínico e oferecer orientações sobre a melhor atividade”, esclarece Dra. Lorena Broseghini.

Diagnóstico de Parkinson é o fim.
Mito. “Nada disso!! Apesar do peso, trata-se de uma doença com bom controle. Temos tanto terapias medicamentosas quanto cirúrgica. Não há razão para desespero”, Dr. Felipe Saba.

Há formas genéticas da doença de Parkinson.
Verdade. “Há mais de 20 mutações genéticas causadoras da doença de Parkinson descritas, as famosas formas PARK, mas sua prevalência é pequena (menos de 10% dos quadros de doença de Parkinson são genéticos)”, esclarece Dr. Flávio Sallem.

O tremor é um sintoma exclusivo da doença de Parkinson.
Mito. “Não, existem outras doenças neurológicas que podem provocar vários tipos de tremor”, explica Dra. Lorena Broseghini.

A cirurgia melhora a qualidade de vida do paciente.
Verdade. “Para pacientes com mais de 5 anos de doença e diagnóstico confirmado de doença de Parkinson, especialmente quando há flutuações motoras (perda de resposta à medicação ao longo do dia ou movimentos involuntários causados pela levodopa) e incapacidade, resposta medicamentosa insatisfatória ou uso de múltiplas medicações, a cirurgia, tal como a colocação dos eletrodos de Estimulação Cerebral Profunda (DBS), leva a grande melhora da qualidade de vida, desde que seja realizada por neurocirurgião com experiência na área e sejam seguidos todos os protocolos”, responde Dr. Flávio Sallem.

Parkinsonismo é igual a doença de Parkinson
Mito. “Parkinsonismo é um grupo maior e mais amplo de doenças. Entre elas a doença de Parkinson. Esse grupo é muito heterogêneo, com diferentes formas de acometimento e, consequentemente, de resposta às terapias”, explica Dr. Felipe Saba.

É importante cuidar da alimentação.
Verdade. “Uma dieta balanceada e com nutrientes e vitaminas corretas pode ajudar a aliviar alguns sintomas, como a perda de peso, constipação e fadiga”, afirma Dra. Lorena Broseghini.

A pessoa com doença de Parkinson não consegue trabalhar.
Mito. “A doença se manifesta de formas variadas em diferentes pacientes. Dependendo da resposta ao tratamento há a possibilidade de o paciente realizar atividades no trabalho”, diz Dra. Lorena Broseghini.

Apoio dos médicos:
Dr Flávio Sekeff Sallem, MD, PhD, Neurologista.
Dr. Felipe Saba, Neurologista.
Dra. Lorena Broseghini Barcelos, Neurologista.
*As opiniões expressadas pelos médicos, pesquisadores e especialistas não representam, necessariamente, as opiniões do Parkinson e Eu e da Medtronic. Trate com o seu médico a sua informação para diagnóstico e tratamento. Apenas o seu médico pode determinar qual terapia é ideal para você.