19 de julho de 2022

Parkinson e Câncer: existe alguma relação?

No Dia Nacional de Combate ao Câncer (27 de novembro) deve ser ressaltada a notícia de que a doença de Parkinson não é ligada à absoluta maioria dos tipos de câncer, inclusive com redução do risco de alguns tipos, especialmente os ligados a exposição ao tabaco. (Moller, 1995)

Parkinson e Melanoma
Há evidência, no entanto, de que um tipo específico de câncer tem sua incidência aumentada nos indivíduos com doença de Parkinson: o melanoma. Este é o tipo mais agressivo de câncer de pele, com alto índice de mortalidade quando descoberto em fase avançada. O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura.

Um trabalho publicado na revista Neurology em 2011 pelo autor Rui Liu e colaboradores revisou estudos publicados de 1965 até 2010 e encontrou um aumento em cerca de duas vezes de portadores de doença de Parkinson desenvolverem melanoma em comparação à população em geral, seja antes ou depois do diagnóstico da DP.

Segundo os autores, alguns estudos anteriores sugeriam que o uso de levodopa poderia estimular a produção de melanina e seria a causa, mas esta informação tem sido refutada por estudos mais recentes. O tempo de início do melanoma até sua manifestação clínica pode variar de cerca de 10 até mais de 40 anos, de forma que alguns meses ou anos de exposição a levodopa não justificariam a doença. Além disto, há casos de melanoma diagnosticados antes da doença de Parkinson e em pacientes não tratados com levodopa.

Atualmente, a principal hipótese para esta associação, não se baseia em medicação e sim em fatores biológicos que levariam tanto ao Parkinson quanto ao melanoma. São apenas ligações estatísticas ainda sem explicação definida, como o aumento do risco de Parkinson (2:1) em pacientes com história familiar de melanoma; a presença de alfa-sinucleina em lesões de pele melanocíticas benignas e malignas, mas não em outros tumores de pele nem em pele normal; a origem embriológica semelhante de células produtoras de melanina e neurônios na chamada crista neural; o fato da levodopa servir como substrato para a síntese tanto de melanina quanto dopamina; a redução do risco de fumantes desenvolverem doença de Parkinson e também melanoma, entre outras explicações mais complexas cientificamente que envolvem vias bioquímicas e características genéticas.

Este é mais um dentre vários temas ainda não esclarecidos pela ciência sobre a causa das doenças tanto de Parkinson quanto o melanoma, que são doenças consideradas raras especialmente quando se buscam casos das duas ocorrendo no mesmo paciente.

No ano de 2017, outro trabalho, desta vez coordenado pelo autor Dalvin, avaliou casos atendidos desde 1976 até 2013. O estudo encontrou dados semelhantes, mas ainda mais significativos, com aumento 4.2 vezes de desenvolver Parkinson em pacientes com melanoma e cerca de 3.8 vezes aumento de ter melanoma em portadores de doença de Parkinson.

Busque ajuda
Considerando a importância do diagnóstico precoce na medicina, em especial no Dia Nacional de Combate ao Câncer, vale a pena acompanhar as manchas na pele, principalmente aquelas com assimetria, diferenças de cores na própria mancha, bordas irregulares, diâmetro maior que 6mm e mudanças na lesão ao longo do tempo (as chamadas características ABCDE).

De qualquer forma, em caso de dúvidas com manchas de pele, com ou sem Parkinson, avise seu neurologista ou procure seu dermatologista. Diagnóstico precoce salva vidas.

Se você quiser ajuda para encontrar um neurologista especializado na sua região, preencha o nosso formulário para entrarmos em contato com você: http://parkinsoneeu.com/recupere-sua-vida/. Continue aprendendo mais sobre o Parkinson aqui no nosso blog, na nossa página do Facebook e no nosso canal no YouTube.

Apoio:
Dra. Rachael Brant Machado Rodrigues
Neurologista – CRM/SP 143390
RQE 15660 / RQE 22130
*As opiniões expressadas pelos médicos, pesquisadores e especialistas não representam, necessariamente, as opiniões do Parkinson e Eu e da Medtronic. Trate com o seu médico a sua informação para diagnóstico e tratamento. Apenas o seu médico pode determinar qual terapia é ideal para você.

Com o nosso guia, você pode orientar a conversa com seu médico:


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